4º Domingo da Quaresma

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14 de março de 2023 por Ir. Mercedes Lopes - MJC

O Evangelho deste 4º Domingo da Quaresma nos ajuda a contemplar Jesus como Luz do mundo. Estamos precisando desta luz, para abrir nossos olhos e aprender a ler e interpretar a realidade com o olhar de Deus. Isto, porque, como no tempo de Jesus, estamos nos deixando contaminar pelos preconceitos que mantêm a dominação, e geram exclusão, violência e morte. O Evangelho de Jo 9,1-41 começa com uma pergunta: “Quem pecou?” Ao verem um jovem mendigo cego, os discípulos de Jesus lhe perguntam: Quem é culpado dele nascer cego? Uma pergunta que carrega um julgamento. A resposta de Jesus faz a gente pensar. Vivemos em um tempo muito complicado de ódio, assassinatos, mentiras e colocamos a culpa desta situação no povo…

Como atravessar este tempo de violências psicológicas, morais e físicas? Aumentaram a fome, o desemprego, o número de feminicídios… Que ações estamos assumindo em conjunto, para fazer acontecer um novo tempo de luta pela justiça? Ações conjuntas que possam contribuir para a construção da liberdade e da paz? Pois este é o sentido da ação imediata de Jesus, depois de responder à pergunta dos discípulos: “quem pecou para que ele nascesse cego? Ele disse: “ninguém pecou” e passa a agir. Sua ação indica um caminho, porque imediatamente Jesus cura o cego!

Ao pegar um pouco de terra e misturá-la com saliva, Jesus está realizando um gesto simbólico: junta, isto é, mistura de novo terra e água. Podemos encontrar muitos sentidos neste gesto de Jesus. Um deles é o resgate da interligação sagrada entre natureza e vida humana, porque “tudo está interligado”. Outro, é o “cuidado afetuoso”, criando relação entre diferentes. A vida em nossa “casa comum” está gritando, pedindo respeito e cuidado. Jesus mostra que não basta ler, interpretar e anunciar a Palavra de Deus. Precisamos de realizar ações conjuntas para defender e cuidar a vida.

Muitas vezes, nosso olhar para a natureza é utilitário, ganancioso, descuidado, depredador. O processo de mudança, a travessia que estamos fazendo, necessita de um novo olhar. Isto não é simples, porque quando o jovem mendigo cego passou a enxergar, começou a ser perseguido pelas autoridades, com interrogatórios longos e acabou sendo expulso da sinagoga.

No final da narrativa deste Evangelho, o jovem que era cego está sozinho, perdido no meio da multidão. Jesus se aproxima dele e se apresenta como “Luz do mundo” (9,5)e se identifica como “Filho do Homem”. Uma expressão que corresponde à expectativa do Messias na esperança apocalíptica dos pobres (Daniel 7). A apocalíptica era um movimento popular de libertação de resistência, no tempo da dominação grega. Um movimento que estava presente também no tempo das primeiras comunidades cristãs. O jovem que era cego acolheu a Jesus como  o Filho do Homem esperado e passou a caminhar junto com a comunidade de Jesus, para ajudar a tecer um novo tempo.

A segunda leitura da liturgia de hoje (Ef 5,8-14) também nos oferece critérios para avaliar se somos ou não filhas e filhos da Luz. Segundo Ef 5,1 estes critérios são: a bondade, a justiça e a verdade. Quem é da Luz, tem um olhar acolhedor das diversidades, supera preconceitos, tem ética, respeito e sensibilidade. Posturas necessárias para caminhar em conjunto, dialogando com diversidades religiosas, culturais, sociais…

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